terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

El Elegido - crônica do jornalista uruguaio Alejandro Figueredo

"No Uruguai, não existe uma pessoa que desconheça a cavadinha de Loco Abreu. Em 2 de julho de 2010, ela ficou imortalizada ao classificar a Celeste para a semifinal da Copa do Mundo. Tal foi o impacto da cena contra Gana, que Loco Abreu acrescentou a palavra cavadinha ao próprio autógrafo. Porém, não foi a primeira vez que ele bateu um pênalti assim. El Loco fez isso contra o Brasil, na Copa América de 2007. Ele acertou.

Não lhe pesa parar repentinamente na frente da bola. Ainda assim, Loco perdeu cobranças ao aplicar o estilo, inclusive em decisões. Em uma final no México, Abreu fez a cavadinha e deu errado. A torcida do Tecos de Guadalajara acabou por não celebrar essa loucura.

Loucura ou genialidade? Coragem ou categoria? Irresponsabilidade ou inteligência? Muito já foi falado sobre a cavadinha. Para mim, Loco Abreu é El Elegido (O Escolhido). O batizei assim na Copa do Mundo. O destino, ou sei lá qual razão, coloca Abreu sempre no lugar certo.

Nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 o caminho uruguaio parecia fechado, até que apareceu o Salvador do Centenário e sua cabeçada para encaminhar a classificação contra a Costa Rica.

No Mundial, Loco Abreu falou com o treinador Oscar Tabarez: “Mestre, o quinto pênalti é meu”. Inicialmente, Abreu estava escalado para a terceira cobrança diante Gana.

Para o apoiador Sebastián Eguren, Loco Abreu deu o recado no último treino antes das quartas de final: “Se precisar, vá tranquilo bater o seu, pois vou fazer a cavadinha”.

Abreu é assim. Determinado, corajoso e místico. O 13 é acompanhado pelo extremo rigor religioso. A Virgem de Verdun jamais o abandonou.

Por tudo isso, Loco Abreu é O Escolhido. Os torcedores do Botafogo sabem disso. E agora, os do Fluminense também".

Nenhum comentário:

Postar um comentário